Ao
todo, 36 índios do curso Magistério Indígena Tremembé Superior colaram grau
ontem
"A
sociedade diz que índio não existe, mas nós existimos, sim, e somos capazes de
nos organizar". Afirmou o cacique Tremembé João Venâncio, durante a
colação de grau da primeira turma de licenciatura intercultural do Nordeste,
composta por 36 índios da tribo Tremembé.
No
fim da cerimônia, os índios apresentaram ao público das diversas áreas de
conhecimento a dança típica Torém. O curso deles era de 4.000 horas-aula e foi
reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC) em 2008.
Foto: Alex Costa / DN |
O
momento foi significativo tanto para esfera local quanto para regional e
nacional, pois, de acordo com o coordenador do curso de Magistério Indígena
Tremembé Superior, da Universidade Federal do Ceará (UFC), Babi Fonteles,
representa a inclusão social dos povos indígenas.
"Contemplamos
dentro do currículo acadêmico deles os saberes Tremembé, e a outra parte com os
saberes da profissão docente. E assim, por meio da educação diferenciada, esse
povo terá outras vias, no caso a educação, para preparar as novas gerações para
a luta de autoafirmação étnica e territorial", declarou o coordenador.
O
caráter inovador é demonstrado nas atividades acadêmicas realizadas,
integralmente, no ambiente da aldeia, em etapas mensais, itinerantes, que se
revezavam entre as comunidades Tremembé.
Participação
Dessa
forma, lideranças, pais, mães, jovens e crianças indígenas puderam participar
ativamente de muitos momentos significativos do curso, tendo livre acesso às
aulas ministradas.
Com
uma carga horária 4.000 horas-aula, o curso foi reconhecido pelo Ministério da
Educação (MEC) em 2008. Idealizado pelos próprios índios em 2006, o curso
conjuga os saberes próprios da tradição Tremembé com os conhecimentos teóricos
e metodológicos característicos da formação para o exercício da docência. Os
graduandos ficam, assim, aptos para o exercício do magistério nas escolas
diferenciadas de sua etnia.
Entre
os docentes que ministraram aulas, vindos de diversos lugares do país,
destacam-se o Cacique João Venâncio e o Pajé Luís Caboco, ambos da etnia
Tremembé.
Os 36
professores formados ontem, já exerciam há tempos o magistério nas escolas
indígenas da etnia, mas agora possuem o diploma de nível superior, formados
pela primeira turma do Curso de Magistério Indígena Tremembé Superior (MITS).
THAYS
LAVOR
REPÓRTER
Publicado no Diário do Nordeste
Edição do conteúdo: Ronaldo Santiago
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