Valter Bianchini
Extensionista
estadual do Instituto Emater Paraná, Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento
pela Universidade Federal do Paraná.
Boletim
Eletrônico Departamento de Estudos Socioeconômicos Rurais – DESER
O Plano Safra 2011/2012 que será lançado no
dia 12 de julho em Francisco Beltrão, mantem o volume de crédito de R$ 16
bilhões de reais e apresenta um conjunto de novidades para a agricultura
familiar.
• Até
maio de 2011 os recursos liberados para a agricultura familiar eram de R$ 9,5
bilhões (59% em relação aos R$16 bilhões anunciados). No mesmo período, para a
agricultura empresarial os recursos liberados haviam sido de R$ 76,5 bilhões
para um montante de R$100 bilhões anunciados (76,5%). Em relação ao PRONAF, o
baixo índice do aplicado em relação ao
disponibilizado justificou a não ampliação
dos recursos a serem disponibilizados na safra 2011/2012.
• As
dificuldades de se potencializar e ampliar um modelo de assistência técnica e
extensão rural que tem no PRONAF crédito, um dos instrumentos ancora para as
diferentes tipologias da
agricultura familiar, é um dos entraves para
se ampliar o acesso e a aplicação do crédito disponibilizado. A crescente
seletividade dos bancos, preocupados com a inadimplência contribui para a
redução do número de contratos e do valor aplicado.
• Identificar
as necessidades e os entraves de um novo público situado nas regiões mais
pobres, com renda familiar abaixo dos níveis de capitalização, com sistemas de
produção não integrados às cadeias agroindustriais e ou de exportação, e com
dificuldades de documentabilidade e de ATER é outro entrave para se ampliar o
acesso do PRONAF em valores e no número de contratos.
Novidades do Plano Safra da Agricultura
Familiar
• O
novo Plano Safra da Agricultura Familiar, não apresenta alterações nos limites
de investimento e de custeio. Continua R$ 130 mil para investimento e R$ 50 mil
para custeio. A partir da aprovação do novo manual de crédito rural pelo BACEN
os limites devem ser elevados para R$ 200.000,00 os investimentos e R$
100.000,00 para custeio.
• A
partir desta safra, as condições do Mais Alimentos – juros de 2% ao ano, prazo
de pagamento de até dez anos e até três anos de carência – são estendidas às
linhas Investimento e Agroindústria. Para investimentos até R$ 10.000,00 os
juros serão de 1% ao ano. Para investimentos superiores a R$10 mil até R$130
mil os juros serão de 2% ao ano. Os créditos para os grupos especiais: A, B,
Jovem e Semiárido continua com juros diferenciados.
• Para
as modalidades de custeio os juros permanecem em 1,5% ao ano para contratos até
R$10 mil, de 3% ao ano para contratos de mais de R$ 10 mil até R$ 20 mil e
juros de 4,5% ao ano para contratos de mais de R$ 20 mil até R$ 50 mil.
• Para
a Juventude Rural, o novo limite será de R$12.000,00 acréscimo de 20% em
ralação ao ano anterior, com juros de 1% ao ano. Com a novidade de que se
houver acompanhamento de ATER será possível acessar esse crédito, independente
de cursos de formação profissional e cursos técnicos de alternância. A SAF
promete monitorar a liberação de recursos do Tesouro para o Banco do Brasil e
do Banco, para os Jovens Rurais que apresentarem demanda de investimentos.
Estes recursos são risco do Tesouro o que em
tese facilita e desburocratiza a liberação pelo agente financeiro. Deveremos
ter uma chamada pública de ATER especifica para o PRONAF Jovem.
• Para
a agroindústria familiar duas novidades: aumento do limite de R$ 20 mil para R$
50 mil e financiamento para agroindústria com CNPJ. Os investimentos grupais e
ou cooperativos acumulam os limites individuais até R$ 10 milhões com juros de
2% ao ano e limite de R$ 30.000,00 por associado. O prazo para pagamento foi
ampliado de 8 para 10 anos. E também haverá Chamada Pública de ATER para
empreendimentos agroindustriais.
• O
Plano Safra da Agricultura Familiar 2011/2012 oferece condições para a
agricultura sustentável, presente nas linhas verdes do Pronaf (Eco,
Agroecologia, Floresta e Semiárido). O novo Plano Safra estimula os
agricultores familiares a promover a transição da agricultura convencional para
a agroecológica e a investir em atividades que proporcionam a expansão da oferta
de alimentos mais saudáveis a todos os brasileiros. Vejam as novidades no
PRONAF ECO, Agroecologia e Florestal.
• O
PRONAF ECO aumenta o limite de financiamento de R$ 6,5 mil para até R$ 8 mil
por hectare, limitado a R$ 80 mil por beneficiário em uma ou mais operações.
Aumento de R$ 500,00 para até R$ 600,00 por hectare da parcela de pagamento da
mão de obra entre o segundo e o quarto ano de implantação do projeto. Aumento
do prazo de pagamento de oito anos para até dez anos, com até três anos de
carência. Aumento de R$ 40,00 para até R$ 50,00 da parcela de assistência
técnica por hectare/ano durante os quatro primeiros anos de implantação do
projeto. Esta linha de crédito além de prever recursos de ATER oferece uma
variedade grande de ações para a sustentabilidade da propriedade familiar, com
ações que vão da recuperação do passivo ambiental, pequena obras hídricas e de
saneamento até investimentos em energia alternativa.
• O
PRONAF Agroecologia aumentou o limite de financiamento de R$ 50 mil para até R$
130 mil. Também aumentou o prazo de pagamento de oito anos para até dez anos,
com até três anos de carência. Como a Agroecologia é reforçada com uma das
ações prioritárias do PRONAF neste Plano Safra, abre-se a possibilidade de se
discutir uma proposta especifica de ATER para a Agroecologia, planilhas de VBC
(Valores Básicos de Custeio) apropriadas ao custeio agrícola e pecuário para a
Agroecologia, com cobertura do Seguro para estas atividades.
• O
PRONAF Floresta com o limite de financiamento de até R$ 20 mil, para sistemas
agroflorestais, passa a vigorar em todas as regiões do País (atendia apenas as
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste).
• O
PRONAF Semiárido também teve o limite ampliado de R$ 10 para R$12 mil.
• Para
o Grupo B, ampliação do limite de crédito de R$ 2 mil para até R$ 2,5 mil por operação.
O beneficiário pode acessar até três operações, totalizando R$ 7,5 mil, com bônus
de adimplência de 25%. Com ATER, os agricultores familiares enquadrados no Grupo
B poderão acessar o custeio até o limite de R$8 mil, desde que comprovem vinculo
ao PNAE e ou PAA. Estes agricultores familiares do grupo B nesta situação também
podem demandar investimentos no PRONAF Jovem e ou Florestas.
• No
PRONAF Cota – Partes, há aumento do limite de crédito individual de R$ 5 mil
para até R$ 10 mil por beneficiário. Passam a ser atendidas cooperativas com
patrimônio líquido mínimo entre R$ 25 mil e R$ 100 milhões (antes era entre R$
50 mil e R$ 75 milhões). Também há aumento do limite de crédito por cooperativa
de R$ 5 milhões para até R$ 10 milhões. Deverá ser anunciada Chamada Publica de
ATER para o atendimento gerencial a processos de organização, agregação de
valor e comercialização dos produtos da agricultura familiar.
• A
grande novidade do Plano Safra deste ano,será a criação da PGPM da Agricultura Familiar.
Esse Projeto Lei deve autorizar suplementação orçamentária de R$ 300 milhões para
a SAF executar política de apoio aos preços de garantia da agricultura
familiar. Em conjunto com a CONAB, a SAF e um Conselho Gestor devem normalizar
através de decreto, a política da PGPM que deve atuar com instrumentos como
Prêmios de Escoamento da Produção, Aquisição do Governo Federal e Contratos de
Opção.
• Além
destes instrumentos de apoio a comercialização, a SAF deve incrementar o PAA
Capital de Giro, e o custeio para comercialização das entidades jurídicas e das
agroindústrias familiares.
• O
limite para o PNAE deve passar de R$ 9 mil para R$ 15 mil. Em relação ao PAA
continua o limite por agricultor familiar de R$ 4,5 mil para compra com doação
e de R$ 8 mil para Formação de Estoques ou Compra Direta. O orçamento para o
PAA foi ampliado em R$ 190 milhões, passando neste Plano Safra para R$ 890
milhões de reais. Uma das metas do Brasil Sem Miséria, para a zona rural é
aumentar o atendimento pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) em quatro
vezes o número de agricultores familiares, em situação de extrema pobreza. Atualmente,
156 mil agricultores vendem sua produção para o programa e a meta é ampliar
para 445 mil até o final do atual governo. Destes, a participação de
agricultores situados na extrema pobreza passará dos atuais 66 mil para 255 mil
até 2014.
• O
Seguro da Agricultura Familiar (SEAF) passa a cobrir até R$ 4 mil da renda,
mais 100% do valor financiado pelo Pronaf Custeio. Já para as operações de
investimento, a adesão é facultativa.
• O
Seguro Garantia-Safra, que cobre perdas de safras de milho, arroz, feijão,
mandioca e algodão, causadas por estiagem ou enchentes no Semiárido (região
Nordeste, Norte de Minas, Vale do Jequitinhonha e municípios do Espírito Santo,
é pago ao agricultor familiar quando há perda da safra igual ou superior a 50%
da produção no município em que vive. O número de cotas disponíveis para
adesão, passa de 740 mil para 940 mil e o valor de cobertura aumenta para R$ 680,00,
pagos em cinco parcelas.
• O
Plano Safra da Agricultura Familiar 2011/2012 também amplia o Programa de
Garantia de Preços da Agricultura Familiar (PGPAF), instrumento que garante ao
produtor a cobertura dos custos de produção no momento de pagar o financiamento
do Pronaf. Nesta safra, o limite do desconto de garantia de preços do PGPAF
aumenta de R$ 5 mil para R$ 7 mil nas operações de custeio e investimento (por
agricultor/ano). A partir desta safra, o PGPAF passa a contemplar mais duas
culturas: laranja e tangerina.
• Deverá
ser criado um rebate de até R$ 10 mil nas rendas não agrícolas para DAP de
famílias pluriativas o que deve incluir um novo conjunto de agricultores
familiares no PRONAF, principalmente aqueles com renda entre 1 e 2 SM .
• Atualmente
o PRONAF coloca como critério para o grupo B, renda familiar até R$ 6.000,00 e renda
da exploração agropecuária de no mínimo 30%. Para os demais produtores com
renda familiar acima de R$ 6 mil e até R$ 110, com os respectivos rebates na
renda agrícola, a participação da renda da exploração agropecuária na renda
familiar deve ser de no mínimo 70%.
• A
Lei da Agricultura Familiar não estabelece limite de renda para os
estabelecimentos familiares, colocando como critério que a renda do
estabelecimento seja predominantemente na renda familiar (maior que 50%).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Leu? Comente, critique, opine!