Entre os dias 28 a 30 de outubro de
2011,foi realizado na aldeia Praia, terra indigena dos Tremembé a III
Assembleia das Mulheres Indígenas do Ceará. As mulheres debateram temas como
Terra e Saúde. Estratégias de maior participação das mulheres no movimento
indígena. A assembleia contou com a participação da Cacica Dorinha Pankará que
em muito contribuiu com sua experiência de luta. Dorinha é representante das
mulheres indígenas em Pernambuco. A coordenadora do Departamento de Mulheres
Indígenas da APOINME Ceiça Pitaguary também participou da Assembleia e relatou
a atual conjuntura do movimento indígena e as dificuldades que os movimentos
sociais estão enfrentando para manter as suas organizações. Na ocasião foram
eleitas as novas coordenadoras da ARTICULAÇÃO DAS MULHERES INDIGENAS DO CEARÁ –
AMICE. Sendo eleita como coordenadora geral a Cacica Bida Jenipapo Kanindé,
para um mandato de 2 anos. Segue a carta elaborada pelas mulheres.
Ceiça
Pitaguary
Carta das mulheres indígenas do Ceará
A sociedade cearense
Reunidas de 28
a 30 de outubro de 2011 na aldeia dos índios Tremembé, município de Itarema –
Ceará, as mulheres indígenas dos Povos, Anacé, Tapeba, Pitaguary, Tremembé,
Jenipapo Kanindé, Tapuia Kariri, Tabajara, Potiguara, Kariri, Tupinambá,
Kanindé de Aratuba e Pankará de Pernambuco. Envolvidas num clima de muita força
e respeito à Terra discutimos e esclarecemos temas que julgamos importante para
as mulheres indígenas da nossa região. Diante disso queremos salientar que:
Reivindicamos
de forma imediata a demarcação dos nossos territórios, para que nossas famílias
possam viver dignamente. Informamos que continuaremos defendendo o nosso
direito de usufruto exclusivo da Terra. Não aceitamos negociação e nem venda.
Nossas lideranças hoje estão sendo criminalizadas por defender a mãe terra,
pois ela é nossa vida. Dessa forma continuaremos a fazer retomadas das nossas
terras, pois entendemos que só dessa maneira teremos acesso a ela, para garantir
moradia digna, cultivo e infra estrutura de serviços essenciais como escolas e
postos de saúde.
As mulheres
indígenas repudiam de forma veemente a forma de desenvolvimento empregado pelo
governo. De não respeitar os povos indígenas e de constante violação dos
direitos das mulheres, homens e crianças. Queremos salientar que não somos
contra o progresso, mas não aceitamos esse progresso de qualquer forma.
Queremos a
implementação imediata da autonomia dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas,
para que nossos profissionais sejam contratados diretamente sem ser
terceirizados.
Também
exigimos respeito a nossa maneira de educar os nossos filhos e queremos que realmente
a nossa educação indígena sirva para formar guerreiros e guerreiras para
atuarem de forma forte e decisiva dentro do movimento indígena.
Enfim, nós
mulheres indígenas do Estado do Ceará estaremos sempre atentas e vigilantes e não
nos calaremos diante de nenhuma injustiça que afete e desrespeite nossos povos
indígenas.
Itarema – 30 de
outubro de 2011
Texto e imagens: apoinme.org.br
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