Este final de semana, entre o dia 15 e 18, iniciamos uma
oficina de Introdução à Agroecologia na aldeia indígena Tremembé de Queimadas, Acaraú-CE. Essa atividade faz parte do item 4 previsto pelo Projeto de Mulheres que foi aprovado pelo Carteira Indígena (CI)/MMA no valor
de R$ 49.600,00. O objetivo do projeto é fortalecer a Organização das Mulheres Indígenas
através de reuniões, encontros e formações, do Conselho Indígena por meio da
estruturação, compra de equipamentos e formação em Gestão de Grupo, a promoção do
Manejo Ecológico dos sistemas de produção
e conservação dos recursos naturais, via produção de mudas de essências
florestais e frutíferas, implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) e
capacitação em Agroecologia, e ainda o fortalecimento da Cozinha
Comunitária a partir da compra de
equipamentos e acesso à Mercados de Compra Institucional, como PAA e PNAE.
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Reunião com a comunidade de Queimadas. |
Como foi falado no início do texto, a atividade realizada
recentemente foi uma Oficina de Agroecologia com carga horária de 36 horas.
Essa atividade tem como objetivo capacitar indígenas que estão iniciando a
implantação de seus quintais, através de técnicas de manejo ecológico do solo e
ampliar alguns conceitos sobre permacultura em Terras Indígenas. Porém, por
conta de alguns probleminhas que surgiram no início do Projeto (que ficou
parado mais de 3 meses) tivemos que centrar um pouco mais de energia em
diálogos organizacionais, a fim solucionar ou mitigar futuros problemas de
organização e gestão do projeto.
Assim, a formação foi estrutura em 3 momentos (organização para produção de mudas, distribuição e mutirão de plantio, manejo e tratos culturais do sistema de produção).
- Organização e produção de mudas – O projeto tem recursos para aquisição de 10 mil mudas diversificadas. Como a comunidade já tem um Viveiro de Mudas ativo e existem pessoas capacitadas para a produção, nada mais justo que a comunidade produza essas mudas e o recurso circule dentro da aldeia, trabalhando assim o princípio da Economia Solidária. Diante disso, foi feita reunião com os possíveis produtores (no total de 10) e explicado como deveria ser feita a produção, em quantidade e diversidade (cerca de 20 espécies de plantas frutíferas e nativas, sendo uma quantidade de 1 mil mudas, cada produtor). Assim, aproveitamos a formação para fazer um diagnóstico da situação das mudas tendo como perguntas geradoras: Quem produziu o quê? Quantas? Qual o estado de desenvolvimento das mudas? Quem da comunidade vai querer o quê e quantas? Diante dessas perguntas tivemos como resposta, que foram produzidas nessa primeira etapa cerca de 6 mil mudas e 28 famílias que irão plantar um total de 3 mil mudas. Um número ainda reduzido, pois muitas ainda estão iniciando seus quintais e não têm experiência com o plantio e cuidado de mudas.
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Levantamento e seleção das mudas que serão distribuídas para a comunidade (Quintal de Dona Socorro). |
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Produção de Mudas dentro do Sistema Agroflorestal em Transição (Polonga). |
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Mudas de cajueiro em estado avançado de desenvolvimento, pronto para ser transplantado (Sr. Chiquinho). |
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Viveiro de Mudas da Comunidade de Queimadas com capacidade de produção de mais 10 mil mudas
(Responsáveis: Evaldo, Luciano, Paulo e Oliveira). |
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Mudas de Angico (nativa). |
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Mudas de Emburana de Cheiro ou Cumaru (nativa). |
- A distribuição será feita nessa semana e haverá no final de semana dos dias 23 a 25 de fevereiro de 2013 um mutirão para plantio coletivo de todas as áreas a fim de garantir que todas as mudas estarão na “terra” até o início de fevereiro. Com o restante das mudas (3 mil) ficou como um acordo que estas serão doadas, juntamente com a presença da CTL de Itarema, sob a coordenação de Antonio Neto, para as comunidades de Telhas, Capim Açu, São José e Cajazeiras, da Terra Indígena Córrego João Pereira. Essa foi uma demanda construída a partir da visita que fizemos em outubro de 2012 a TI do Córrego com a presença do grupo consultor do GATI, Gestão Ambiental em Terras Indígenas, que contou com a presença de Isabel e Alexandre Pankaruru. E que será feito contato com indígenas do Córrego para irem participar da formação nesse período e aproveitar para se envolver no mutirão.
- Os tratos culturais serão feitos no momento do mutirão onde serão dividias equipes e em cada uma delas terá uma pessoa indígena multiplicador, experiente na área de manejo ecológico, para informar aos demais como será feito o manejo. Aproveitaremos para fazer práticas de compostagem, produção de repelentes e biofertilizantes.
Ainda na visita aproveitamos para visitar a experiência de alguns quintais que vem dando certo desde 2009 e que estão bem desenvolvidos e não entra 1 g de agroquímico. Abaixo segue as fotos do quintal do Mairton, da Mandala.
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Plantio consorciado de pimenta de cheiro, macaxeira, feijão de corda, milho, araticum, pimentão e mamoeiro. |
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Hortas rotacionadas com plantio folhosas (cebolinha), depois será plantada tuberosas e em seguida frutos. |
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Mandala com produção de galinha na parte coberta, tilápia (alimentadas 30% com ração e o restante folhas
de macaxeira, batata doce e feijão) e fertirrigação para a hortas. |
Em breve mais postagens sobre a conclusão da oficina e da entrega de mudas para o Córrego João Pereira.
Que interessante pessoal! Gostei muito da iniciativa de divulgar as atividades
ResponderExcluirEsse também é um sonho nosso em MS, mas enquanto não tivermos pessoas que compreendam que os kaiowá não assimilam tão rápido e que não da cultura deles plantar a mata iremos acreditando que em algum lugar isso já passou do mundo dos sonhos para a vida real. Parabéns voces merecem o mundo precisa de iniciativas como estas que vivemos.
ResponderExcluirchero axé a todos e viva um novo Brasilllllllllllllllllll....