sábado, 24 de setembro de 2011

Lideranças Indígenas do Ceará vem a Brasília e reforçam o apoio à Sesai


Cerca de 40 indígenas do Ceará estiveram reunidos nesta quinta-feira (22), em Brasília, junto ao Secretário Especial de Saúde Indígena, Antônio Alves de Souza, para discutir propostas para a melhoria do atendimento de saúde e saneamento básico na região e reforçar o apoio das comunidades indígenas do estado à Sesai. 
Segundo o representante da Articulação para os Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), Ricardo Dourado, a visita serviu para reforçar o apoio dos indígenas do Ceará à Sesai e a gestão do secretário, Antônio Alves e também para apresentar o anseio de melhoria na saúde de mais de 22 mil índios do Ceará. “A gente sabe que o Secretário luta pela nossa causa, de melhorar a saúde indígena em todo o país, e nós apoiamos o seu trabalho. Mas também esperamos que as reivindicações feitas pelas lideranças indígenas do Ceará possam ser desenvolvidas e colocadas em prática o mais rápido possível”, destacou.

Dourado Tapeba coordenou o evento


O Secretário da Sesai, Antônio Alves, lembrou que, principalmente por questões culturais, a população indígena do nordeste ficou esquecida até pelos próprios indígenas. O resgate de identidade dos índios desta região vai fortalecer a melhoria de atendimento à saúde destes povos. “A criação da Secretaria tenta amenizar o débito que a nação brasileira têm com os índios, principalmente para com a saúde indígena. Mas gradativamente, e a Sesai é parte disso, a saúde da população indígena vai melhorar e aprimorar ainda mais para chegar a um patamar de excelência”, ressaltou.

O Secretário ainda lembrou que são várias as maneiras para aperfeiçoar o atendimento da saúde indígena. “Para se ter qualidade no atendimento deve ter a união entre a medicina convencional e  tradicional. Além disso, após a definição dos convênios para contratação de profissionais, há de se estruturar o saneamento básico e capacitar as equipes de saúde”, explicou.

Juventude indígenaA preocupação dos índios do Ceará também é o cuidado à saúde mental. Foi lembrado que novas doenças relacionadas às drogas causa apreensão às comunidades indígenas. “Dentro da formação das novas equipes de saúde do DSEI Ceará estão a contratação de psicólogos. Estes profissionais darão atenção especial às anomalias modernas como depressão e vícios, como drogas e álcool”, informou a Diretora de Atenção à Saúde da Sesai, Irânia Marques.

Controle SocialA reorganização e o fortalecimento da participação da população indígena na formulação de propostas para a melhoria da saúde nas diversas aldeias do Ceará também foi debatida. A assessora da Sesai para o Controle Social, Bianca Coelho, destacou que o fortalecimento do Controle Social é fundamental. “Com a nova eleição para a presidência do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) será possível levar novas propostas para serem aplicadas no Plano Distrital. Nos próximos meses o Condisi do Ceará vai receber capacitações para formação de conselhos locais e reuniões para discutir o regimento interno do Conselho”, informou.

Lideranças indígenas de vários povos do Ceará

Pajé Luis Caboclo


José Itamar: liderança Tremembé da TI Córrego João Pereira


Texto e imagens: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/Gestor/visualizar_texto.cfm?idtxt=37994


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Índios protestam em Fortaleza


As etnias da RMF denunciam desrespeito da legislação ambiental e licença prévia emitida para uma obra

Com gritos de protesto, faixas, cânticos e toré no asfalto, representantes de três etnias indígenas de quatro Municípios da Região Metropolitana de Fortaleza protestaram ontem na sede do Ibama e da Semace. Eles acusam os órgãos federal e estadual, respectivamente, de desrespeitarem a legislação emitindo licença para uma pedreira em áreas indígenas demarcadas. Outra reclamação é a licença prévia emitida para obra da refinaria premium II, em Caucaia, sem que hajam concluídos os Estudos de Identificação e Delimitação da Terra Indígena Anacé, por parte da Funai.
 

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Ontem pela manhã, os índios da Região Metropolitana de Fortaleza fizeram mobilização na sede do Ibama
FOTO: JOSÉ LEOMAR


A Semace confirma as duas licenças, mas diz que a refinaria ainda não tem permissão para ser construída, e anuncia que fiscais vão à pedreira verificar a denúncia dos índios. Ibama diz que vai apurar as denúncias e convoca os órgãos para uma força-tarefa. Os índios aproveitaram para fazer uma série de denúncias de exploração e degradação ambiental. Uma das mais graves diz respeito a uma pedreira que estaria contaminando comunidades da etnia pitaguary entre Maracanaú e Pacatuba. Os índios denunciam que a pedreira age dia e noite, soltando pó de enxofre, poluindo, rios, as matas e as comunidades. No entorno das áreas de pedreira, muitas carnaubeiras estariam sendo derrubadas.

A Semace confirma que a pedreira tem licenciamento, renovado no ano passado com validade até 13 de dezembro deste ano. Segundo o órgão, nos levantamentos da Semace, no ano passado, não se constatavam os danos ambientais relatados pelos índios, mas que será disponibilizada uma equipe de fiscalização até a região.

O superintendente do Ibama, Wilson Uchoa, considera graves as denúncias, principalmente da exploração de minério em áreas indígenas. "A derrubada de carnaubeiras e queimadas nas serras são agravante. Vamos verificar a situação da pedreira, que os índios dizem que causa problemas. Propus uma reunião fechada entre Ibama, Ministério Público, Polícia Federal, Semace, Secretaria de Patrimonio da União e Departamento Nacional de Produção Mineral, para analisar as emissões de licenças das mineradoras".

MAIS INFORMAÇÕES

Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme)

(85) 8881.6672 (Dourado Tapeba)
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1042197 

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Um ano do blog Comunidades Tremembé de Acaraú


Imagem da internet


Hoje o blog Comunidades Tremembé de Acaraú está comemorando seu primeiro aniversário. Durante esses doze meses vários eventos ocorreram, muita coisa mudou e alguns imprevistos aconteceram. Poderia fazer um balanço de tudo, mas me falta tempo diante dos afazeres. Isso fica para um próximo momento.
Entretanto, o blog continuará, na medida de nossas limitações, contribuindo nas discussões em torno da assistência técnica e extensão rural aos povos indígenas, tema demasiado importante para sustentabilidade indígena.

Parabéns e vida longa ao blog!!!

Ronaldo Santiago

domingo, 4 de setembro de 2011

Novidades no Plano Safra da Agricultura Familiar 2011/2012



Valter Bianchini 
Extensionista estadual do Instituto Emater Paraná, Doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Paraná.
Boletim Eletrônico Departamento de Estudos Socioeconômicos Rurais – DESER


O Plano Safra 2011/2012 que será lançado no dia 12 de julho em Francisco Beltrão, mantem o volume de crédito de R$ 16 bilhões de reais e apresenta um conjunto de novidades para a agricultura familiar.
Até maio de 2011 os recursos liberados para a agricultura familiar eram de R$ 9,5 bilhões (59% em relação aos R$16 bilhões anunciados). No mesmo período, para a agricultura empresarial os recursos liberados haviam sido de R$ 76,5 bilhões para um montante de R$100 bilhões anunciados (76,5%). Em relação ao PRONAF, o baixo índice do aplicado em relação ao
disponibilizado justificou a não ampliação dos recursos a serem disponibilizados na safra 2011/2012.
As dificuldades de se potencializar e ampliar um modelo de assistência técnica e extensão rural que tem no PRONAF crédito, um dos instrumentos ancora para as diferentes tipologias da
agricultura familiar, é um dos entraves para se ampliar o acesso e a aplicação do crédito disponibilizado. A crescente seletividade dos bancos, preocupados com a inadimplência contribui para a redução do número de contratos e do valor aplicado.
Identificar as necessidades e os entraves de um novo público situado nas regiões mais pobres, com renda familiar abaixo dos níveis de capitalização, com sistemas de produção não integrados às cadeias agroindustriais e ou de exportação, e com dificuldades de documentabilidade e de ATER é outro entrave para se ampliar o acesso do PRONAF em valores e no número de contratos.

Novidades do Plano Safra da Agricultura Familiar

O novo Plano Safra da Agricultura Familiar, não apresenta alterações nos limites de investimento e de custeio. Continua R$ 130 mil para investimento e R$ 50 mil para custeio. A partir da aprovação do novo manual de crédito rural pelo BACEN os limites devem ser elevados para R$ 200.000,00 os investimentos e R$ 100.000,00 para custeio.
A partir desta safra, as condições do Mais Alimentos – juros de 2% ao ano, prazo de pagamento de até dez anos e até três anos de carência – são estendidas às linhas Investimento e Agroindústria. Para investimentos até R$ 10.000,00 os juros serão de 1% ao ano. Para investimentos superiores a R$10 mil até R$130 mil os juros serão de 2% ao ano. Os créditos para os grupos especiais: A, B, Jovem e Semiárido continua com juros diferenciados.
Para as modalidades de custeio os juros permanecem em 1,5% ao ano para contratos até R$10 mil, de 3% ao ano para contratos de mais de R$ 10 mil até R$ 20 mil e juros de 4,5% ao ano para contratos de mais de R$ 20 mil até R$ 50 mil.
Para a Juventude Rural, o novo limite será de R$12.000,00 acréscimo de 20% em ralação ao ano anterior, com juros de 1% ao ano. Com a novidade de que se houver acompanhamento de ATER será possível acessar esse crédito, independente de cursos de formação profissional e cursos técnicos de alternância. A SAF promete monitorar a liberação de recursos do Tesouro para o Banco do Brasil e do Banco, para os Jovens Rurais que apresentarem demanda de investimentos.
Estes recursos são risco do Tesouro o que em tese facilita e desburocratiza a liberação pelo agente financeiro. Deveremos ter uma chamada pública de ATER especifica para o PRONAF Jovem.
Para a agroindústria familiar duas novidades: aumento do limite de R$ 20 mil para R$ 50 mil e financiamento para agroindústria com CNPJ. Os investimentos grupais e ou cooperativos acumulam os limites individuais até R$ 10 milhões com juros de 2% ao ano e limite de R$ 30.000,00 por associado. O prazo para pagamento foi ampliado de 8 para 10 anos. E também haverá Chamada Pública de ATER para empreendimentos agroindustriais.
O Plano Safra da Agricultura Familiar 2011/2012 oferece condições para a agricultura sustentável, presente nas linhas verdes do Pronaf (Eco, Agroecologia, Floresta e Semiárido). O novo Plano Safra estimula os agricultores familiares a promover a transição da agricultura convencional para a agroecológica e a investir em atividades que proporcionam a expansão da oferta de alimentos mais saudáveis a todos os brasileiros. Vejam as novidades no PRONAF ECO, Agroecologia e Florestal.
O PRONAF ECO aumenta o limite de financiamento de R$ 6,5 mil para até R$ 8 mil por hectare, limitado a R$ 80 mil por beneficiário em uma ou mais operações. Aumento de R$ 500,00 para até R$ 600,00 por hectare da parcela de pagamento da mão de obra entre o segundo e o quarto ano de implantação do projeto. Aumento do prazo de pagamento de oito anos para até dez anos, com até três anos de carência. Aumento de R$ 40,00 para até R$ 50,00 da parcela de assistência técnica por hectare/ano durante os quatro primeiros anos de implantação do projeto. Esta linha de crédito além de prever recursos de ATER oferece uma variedade grande de ações para a sustentabilidade da propriedade familiar, com ações que vão da recuperação do passivo ambiental, pequena obras hídricas e de saneamento até investimentos em energia alternativa.
O PRONAF Agroecologia aumentou o limite de financiamento de R$ 50 mil para até R$ 130 mil. Também aumentou o prazo de pagamento de oito anos para até dez anos, com até três anos de carência. Como a Agroecologia é reforçada com uma das ações prioritárias do PRONAF neste Plano Safra, abre-se a possibilidade de se discutir uma proposta especifica de ATER para a Agroecologia, planilhas de VBC (Valores Básicos de Custeio) apropriadas ao custeio agrícola e pecuário para a Agroecologia, com cobertura do Seguro para estas atividades.
O PRONAF Floresta com o limite de financiamento de até R$ 20 mil, para sistemas agroflorestais, passa a vigorar em todas as regiões do País (atendia apenas as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste).
O PRONAF Semiárido também teve o limite ampliado de R$ 10 para R$12 mil.
Para o Grupo B, ampliação do limite de crédito de R$ 2 mil para até R$ 2,5 mil por operação. O beneficiário pode acessar até três operações, totalizando R$ 7,5 mil, com bônus de adimplência de 25%. Com ATER, os agricultores familiares enquadrados no Grupo B poderão acessar o custeio até o limite de R$8 mil, desde que comprovem vinculo ao PNAE e ou PAA. Estes agricultores familiares do grupo B nesta situação também podem demandar investimentos no PRONAF Jovem e ou Florestas.
No PRONAF Cota – Partes, há aumento do limite de crédito individual de R$ 5 mil para até R$ 10 mil por beneficiário. Passam a ser atendidas cooperativas com patrimônio líquido mínimo entre R$ 25 mil e R$ 100 milhões (antes era entre R$ 50 mil e R$ 75 milhões). Também há aumento do limite de crédito por cooperativa de R$ 5 milhões para até R$ 10 milhões. Deverá ser anunciada Chamada Publica de ATER para o atendimento gerencial a processos de organização, agregação de valor e comercialização dos produtos da agricultura familiar.
A grande novidade do Plano Safra deste ano,será a criação da PGPM da Agricultura Familiar. Esse Projeto Lei deve autorizar suplementação orçamentária de R$ 300 milhões para a SAF executar política de apoio aos preços de garantia da agricultura familiar. Em conjunto com a CONAB, a SAF e um Conselho Gestor devem normalizar através de decreto, a política da PGPM que deve atuar com instrumentos como Prêmios de Escoamento da Produção, Aquisição do Governo Federal e Contratos de Opção.
Além destes instrumentos de apoio a comercialização, a SAF deve incrementar o PAA Capital de Giro, e o custeio para comercialização das entidades jurídicas e das agroindústrias familiares.
O limite para o PNAE deve passar de R$ 9 mil para R$ 15 mil. Em relação ao PAA continua o limite por agricultor familiar de R$ 4,5 mil para compra com doação e de R$ 8 mil para Formação de Estoques ou Compra Direta. O orçamento para o PAA foi ampliado em R$ 190 milhões, passando neste Plano Safra para R$ 890 milhões de reais. Uma das metas do Brasil Sem Miséria, para a zona rural é aumentar o atendimento pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) em quatro vezes o número de agricultores familiares, em situação de extrema pobreza. Atualmente, 156 mil agricultores vendem sua produção para o programa e a meta é ampliar para 445 mil até o final do atual governo. Destes, a participação de agricultores situados na extrema pobreza passará dos atuais 66 mil para 255 mil até 2014.
O Seguro da Agricultura Familiar (SEAF) passa a cobrir até R$ 4 mil da renda, mais 100% do valor financiado pelo Pronaf Custeio. Já para as operações de investimento, a adesão é facultativa.
O Seguro Garantia-Safra, que cobre perdas de safras de milho, arroz, feijão, mandioca e algodão, causadas por estiagem ou enchentes no Semiárido (região Nordeste, Norte de Minas, Vale do Jequitinhonha e municípios do Espírito Santo, é pago ao agricultor familiar quando há perda da safra igual ou superior a 50% da produção no município em que vive. O número de cotas disponíveis para adesão, passa de 740 mil para 940 mil e o valor de cobertura aumenta para R$ 680,00, pagos em cinco parcelas.
O Plano Safra da Agricultura Familiar 2011/2012 também amplia o Programa de Garantia de Preços da Agricultura Familiar (PGPAF), instrumento que garante ao produtor a cobertura dos custos de produção no momento de pagar o financiamento do Pronaf. Nesta safra, o limite do desconto de garantia de preços do PGPAF aumenta de R$ 5 mil para R$ 7 mil nas operações de custeio e investimento (por agricultor/ano). A partir desta safra, o PGPAF passa a contemplar mais duas culturas: laranja e tangerina.
Deverá ser criado um rebate de até R$ 10 mil nas rendas não agrícolas para DAP de famílias pluriativas o que deve incluir um novo conjunto de agricultores familiares no PRONAF, principalmente aqueles com renda entre 1 e 2 SM .
Atualmente o PRONAF coloca como critério para o grupo B, renda familiar até R$ 6.000,00 e renda da exploração agropecuária de no mínimo 30%. Para os demais produtores com renda familiar acima de R$ 6 mil e até R$ 110, com os respectivos rebates na renda agrícola, a participação da renda da exploração agropecuária na renda familiar deve ser de no mínimo 70%.
A Lei da Agricultura Familiar não estabelece limite de renda para os estabelecimentos familiares, colocando como critério que a renda do estabelecimento seja predominantemente na renda familiar (maior que 50%).