quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Vídeo sobre os Tremembé do Córrego João Pereira

O vídeo abaixo é uma realização da APOINME e foi produzido durante a visita de acompanhamento e monitoramento dos projetos desenvolvidos pelo GATI na Terra Indígena Córrego João Pereira em outubro do ano passado, conforme relatamos aqui no blog (leia a postagem aqui).


terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Bom Dia Ceará: índios Tremembé colam grau na próxima semana



O link abaixo dá acesso a matéria de hoje (26/02/2013) do jornal Bom Dia Ceará, da TV Verdes Mares, que anuncia a colação de grau da primeira turma do Magistério Superior dos Tremembé de Almofala.

Veja a matéria clicando AQUI


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Oficina de Agroecologia e Permacultura em Terra Indígena, Tremembé


Este final de semana, entre o dia 15 e 18, iniciamos uma oficina de Introdução à Agroecologia na aldeia indígena Tremembé de Queimadas, Acaraú-CE. Essa atividade faz parte do item 4 previsto pelo Projeto de Mulheres que foi aprovado pelo Carteira Indígena (CI)/MMA no valor de R$ 49.600,00. O objetivo do projeto é fortalecer a Organização das Mulheres Indígenas através de reuniões, encontros e formações, do Conselho Indígena por meio da estruturação, compra de equipamentos e formação em Gestão de Grupo, a promoção do Manejo Ecológico  dos sistemas de produção e conservação dos recursos naturais, via produção de mudas de essências florestais e frutíferas, implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) e capacitação em Agroecologia, e ainda o fortalecimento da Cozinha Comunitária  a partir da compra de equipamentos e acesso à Mercados de Compra Institucional, como PAA e PNAE.
Reunião com a comunidade de Queimadas.
Como foi falado no início do texto, a atividade realizada recentemente foi uma Oficina de Agroecologia com carga horária de 36 horas. Essa atividade tem como objetivo capacitar indígenas que estão iniciando a implantação de seus quintais, através de técnicas de manejo ecológico do solo e ampliar alguns conceitos sobre permacultura em Terras Indígenas. Porém, por conta de alguns probleminhas que surgiram no início do Projeto (que ficou parado mais de 3 meses) tivemos que centrar um pouco mais de energia em diálogos organizacionais, a fim solucionar ou mitigar futuros problemas de organização e gestão do projeto.
Assim, a formação foi estrutura em 3 momentos (organização para produção de mudas, distribuição e mutirão de plantio, manejo e tratos culturais do sistema de produção).
  • Organização e produção de mudas – O projeto tem recursos para aquisição de 10 mil mudas diversificadas. Como a comunidade já tem um Viveiro de Mudas ativo e existem pessoas capacitadas para a produção, nada mais justo que a comunidade produza essas mudas e o recurso circule dentro da aldeia, trabalhando assim o princípio da Economia Solidária. Diante disso, foi feita reunião com os possíveis produtores (no total de 10) e explicado como deveria ser feita a produção, em quantidade e diversidade (cerca de 20 espécies de plantas frutíferas e nativas, sendo uma quantidade de 1 mil mudas, cada produtor). Assim, aproveitamos a formação para fazer um diagnóstico da situação das mudas tendo como perguntas geradoras: Quem produziu o quê? Quantas? Qual o estado de desenvolvimento das mudas? Quem da comunidade vai querer o quê e quantas? Diante dessas perguntas tivemos como resposta, que foram produzidas nessa primeira etapa cerca de 6 mil mudas e 28 famílias que irão plantar um total de 3 mil mudas. Um número ainda reduzido, pois muitas ainda estão iniciando seus quintais e não têm experiência com o plantio e cuidado de mudas. 
Levantamento e seleção das mudas que serão distribuídas para a comunidade (Quintal de Dona Socorro). 
Produção de Mudas dentro do Sistema Agroflorestal em Transição (Polonga).
Mudas de cajueiro em estado avançado de desenvolvimento, pronto para ser transplantado (Sr. Chiquinho).
Viveiro de Mudas da Comunidade de Queimadas com capacidade de produção de mais 10 mil mudas
(Responsáveis: Evaldo, Luciano, Paulo e Oliveira).
Mudas de Angico (nativa).
Mudas de Emburana de Cheiro ou Cumaru (nativa).
  • A distribuição será feita nessa semana e haverá no final de semana dos dias 23 a 25 de fevereiro de 2013 um mutirão para plantio coletivo de todas as áreas a fim de garantir que todas as mudas estarão na “terra” até o início de fevereiro. Com o restante das mudas (3 mil) ficou como um acordo que estas serão doadas, juntamente com a presença da CTL de Itarema, sob a coordenação de Antonio Neto, para as comunidades de Telhas, Capim Açu, São José e Cajazeiras, da Terra Indígena Córrego João Pereira. Essa foi uma demanda construída a partir da visita que fizemos em outubro de 2012 a TI do Córrego com a presença do grupo consultor do GATI, Gestão Ambiental em Terras Indígenas, que contou com a presença de Isabel e Alexandre Pankaruru. E que será feito contato com indígenas do Córrego para irem participar da formação nesse período e aproveitar para se envolver no mutirão.
  • Os tratos culturais serão feitos no momento do mutirão onde serão dividias equipes e em cada uma delas terá uma pessoa indígena multiplicador, experiente na área de manejo ecológico, para informar aos demais como será feito o manejo. Aproveitaremos para fazer práticas de compostagem, produção de repelentes e biofertilizantes.

Ainda na visita aproveitamos para visitar a experiência de alguns quintais que vem dando certo desde 2009 e que estão bem desenvolvidos e não entra 1 g de agroquímico. Abaixo segue as fotos do quintal do Mairton, da Mandala.  
Plantio consorciado de pimenta de cheiro, macaxeira, feijão de corda, milho, araticum, pimentão e mamoeiro.
Hortas rotacionadas com plantio folhosas (cebolinha), depois será plantada tuberosas e em seguida frutos.
Mandala com produção de galinha na parte coberta, tilápia (alimentadas 30% com ração e o restante folhas
de macaxeira, batata doce e feijão) e fertirrigação para a hortas.
Em breve mais postagens sobre a conclusão da oficina e da entrega de mudas para o Córrego João Pereira.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Índios Tremembé serão diplomados no ensino superior pela UFC



É muito mais do que a graduação em um curso superior: um capítulo na história da reafirmação indígena no Ceará. Ato pioneiro no Nordeste, 36 professores índios concluem, pela Universidade Federal do Ceará (UFC), o Curso de Magistério Indígena Tremembé Superior (Mits), criado por iniciativa dos próprios índios Tremembé do distrito de Almofala, em Itarema, Zona Norte do Estado. Após seis anos de uma longa jornada de estudos e etapas para o reconhecimento no Conselho Nacional de Educação, a licenciatura intercultural abre novo passo no conceito de educação superior.

A ideia foi dos Tremembé
As lideranças da aldeia entendiam que por meio da educação que os valores culturais e sociais seriam transmitidos, ou melhor, mantidos pelas outras gerações. Mas o professor orientado nos bancos da pedagogia tradicional - com algumas exceções, carregada de vícios coloniais - não trazia as ferramentas necessárias para a manutenção dos saberes e fazeres. Foi aí que os índios de Almofala, com apoio de pesquisadores das próprias universidades, deram início a formação docente, embora já fossem professores nas escolas diferenciadas. E uma história muito interessante, foi o único curso no País criado dentro de uma aldeia indígena, comemora o professor doutor Babi Fonteles, pesquisador e coordenador acadêmico do curso que acompanha há muitos anos a luta dos povos indígenas pelo reconhecimento.

Mas o curso tem uma coordenação ampliada, contemplando representação indígena. Aliás, o corpo docente é formado, além de doutores da academia, por reconhecidas lideranças sociais e espirituais indígenas.

O cacique João Venâncio e o pajé Zé Caboclo, por exemplo, lecionam a disciplina "Saberes Tremembé do mar, do céu e da terra". São profundos conhecedores, por vivência, das ciências da natureza, além de grandes referências dentro da aldeia. O mestre Zé Biinha da disciplina de Artesanato Indígena, Agostinho Tucum trata da História Tremembé. Outros professores são pesquisadores da Universidade Federal do Ceará, da estadual (Uece) e da Universidade Vale do Acaraú (Uva). As aulas tiveram início em 2006, e no ano de 2008, vencendo 12 de 49 etapas, o curso tem recurso para custeio disponibilizado pelo Programa de Apoio a Licenciatura Indígena, do MEC. O magistério Tremembé havia entrado no edital, concorrendo com outros do Pais, sendo aprovado em terceiro lugar. Em seguida, o outro passo foi a formalização do curso no Programa de Graduação da UFC, garantindo, assim, a colação de grau de 36 formandos no mês de marco.

Mercado
Para onde irão os 36 graduados? Para onde nunca quiseram sair. Isso porque a proposta desse magistério não é absorção em mercados, mas garantia de mais conhecimento (o que, teoricamente, deveria ser o primordial de qualquer curso superior) na transmissão do saber nos aldeamentos indígenas. Formar lideranças no âmbito da escola para fortalecer o movimento indígena. "A primeira coisa a se entender é que em educação diferenciada indígena não se fala em mercado. Uma das razões e o critério para a seleção dos candidatos: o primeiro é ser índio Tremembé, o segundo já atuar em uma das seis escolas das localidades indígenas, e o terceiro critério é ter o nome aprovado pelo conjunto da comunidade. Como se vê, é um vestibular mais difícil que o Enem", compara Fonteles.

A colação de grau se dará na Concha Acústica da UFC, em Fortaleza, no dia 6 de marco. Os 36 índios professores receberão o diploma 40 anos após uma apresentação cultural de seus ancestrais naquele mesmo espaço, quando menos se sabia de onde estavam e quem eram os índios do Ceará.

Informações: Melquíades Júnior

Fonte: Diário do Nordeste 
Também publicado no Blog Sobral Online

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Carteira Indígena: oficinas de projetos em Telhas e Queimadas

Apesar da correria das obrigações acadêmicas, o blog retoma as atividades em 2013 registrando a última atividade de 2012 realizada em Queimadas e Telhas. Entre os dias 26 e 28 de dezembro fui acompanhar Tiago em duas oficinas de elaboração de projetos, referentes ao projeto de mulheres da Carteira Indígena. As duas oficinas marcam o retorno do Tiago ao acompanhamento técnico dos projetos, aprovados ainda em 2010, pela Carteira Indígena/MMA.
Cleiciano iniciando a oficina
Minha presença ali, além de auxiliar no registro das atividades e revê-los após quase um ano, tinha como objetivo retomar os contatos com as comunidades visando a pesquisa de campo do mestrado. Tive a oportunidade de informá-los sobre o que estava fazendo e agendar com eles o período em que estarei realizando pesquisa na área.

As duas oficinas de elaboração de projetos sociais e tinham como objetivo familiarizar as lideranças indígenas, tanto mulheres quanto homens, com as ferramentas teóricas para a elaboração de projetos sociais, de modo que no futuro os próprios conselhos indígenas possam ser capazes de construir seus projetos, dando mais um passo para sua autonomia.
Como a carga horária das oficinas era pequena, Tiago planejou a atividade de modo que os participantes pudessem “aprender fazendo”. Neste sentido, foi escolhido um edital aberto voltado para as comunidades indígenas. Trata-se do Prêmio Culturas Indígenas do Ministério da Cultura.
Cartaz do prêmio pregado na parede da escola indígena de Queimadas
O objetivo então era trabalhar a construção de duas propostas de projetos a serem submetidas ao prêmio. Tomando como referência o edital, as duas aldeias puderam acompanhar a leitura de pontos importantes do documento, a explicação sobre o que se colocar em cada item do projeto e perguntar sobre pontos que eventualmente não eram compreendidos.
Momento da leitura do edital e posterior explicação
Explicando alguns pontos do projeto
Logo após este momento, foi aberta aos participantes das oficinas nas duas aldeias a discussão sobre quais seriam os objetivos e atividades dos projetos. Como o edital é voltado para a esfera cultural, as discussões giraram em torno da cultura Tremembé. Esta discussão foi muito importante por que nas duas aldeias foi apontada a necessidade de se fortalecer as práticas culturais e a memória social indígena através da documentação e monumentalização dos lugares importantes na história de cada comunidade. Durante o longo debate também foram rememoradas as práticas alimentares dos Tremembé e a utilização de certos vegetais (frutos, folhas e cascas) utilizados para a produção de alimentos e remédios caseiros.
Momento de discussão em Telhas
Construção do projeto com a juventude de Telhas
Depois de discutidas e elencadas as propostas, as comunidades escolheram a que consideraram mais significativa e imediatamente começaram a esboçar a construção dos projetos. Como não era possível concluir um projeto em apenas dois dias, as duas aldeias elegeram um grupo responsável pela finalização do projeto, ambos sendo acompanhados e orientados pelo Tiago, que se responsabilizou pela organização e sistematização dos dados finais. Na sexta-feira, dia 28, ainda foi servido um almoço delicioso, feito pelas mulheres de Telhas. Por volta das 17 horas a oficina foi encerrada.
Comidinha deliciosa!!!