domingo, 29 de janeiro de 2012

Aula de campo em Queimadas: conhecendo uma experiência de produção solidária

Conhecer experiências de produção solidária, esse foi o tema da aula de campo que fiz com meus alunos do curso de Serviço Social do IESC. Ao passar a semana discutindo as características do modo de produção capitalista na disciplina de Economia Política, resolvemos conhecer um sistema de produção alternativo desenvolvido por um grupo de famílias da aldeia Queimadas.

Como já falado várias vezes nesse blog, as famílias Tremembé puderam falar para os alunos como se operacionaliza o trabalho deles. A liderança Evaldo, Vice-Coordenador do Conselho Indígena de Queimadas, recebeu os visitantes, juntamente com a Pajé Marluce e outros membros da família.
Roda de conversa com as famílias Tremembé
Após a explicação inicial os alunos foram visitar a área de produção e ao longo da caminhada iam tirando dúvidas sobre as propriedades medicinais de algumas plantas, orientando o plantio e o manejo com algumas espécies.
Ao final da visita alguns alunos receberam gratuitamente várias mudas de plantas produzidas no viveiro da aldeia.
Confira abaixo, mais algumas fotos.


Visita à horta
Conversando sobre espécies frutíferas no quintal produtivo
Os alunos receberam gratuitamente mudas de várias espécies
Antes da saída, a foto de despedida

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Aldeia Tremembé São José e Buriti realiza IV Festa do Murici e do Batiputá

Publicado originalmente em: www.cetra.org.br


A IV Festa do Murici e do Batiputá, da Aldéia Tremembé de São José e Buriti em Itapipoca, ocorreu no período de 10 a 14 de Janeiro, com a presença de lideranças e entidades afins, como CETRA e Missão Tremembé, professores, curandeiros, rezadeiras e parteiras da região e visitantes.
Os dias 10, 11 e 12 foram reservados para a coleta e a seleção do murici e do batiputá e o dia 13 para preparação do óleo do batiputá. Somente no dia 14 foram inciados os festejos propriamente ditos, com toda uma programação voltada para a cultura indígena, costumes, crenças e rituais, como a dança do Torém e o ritual de cura, voltando os olhares sempre para os avanços e dificuldades da luta indígena.
Herbene, liderança Tremembé e beneficiária do Projeto Mulher Rural, colocou que a participação da mulher ocorre de forma efetiva desde a apanha do murici e do batiputá na mata, passando pela seleção dos frutos, pela preparação dos alimentos e pela organização do evento. “A mulher tem sido a fonte inspiradora da família para a continuidade dos costumes, motiva os filhos e marido a levantar as 5 da manha já com o café prontinho para seguir para a mata”, explica.
Adriana, liderança do Povo Tremembé e mentora da idéia de festejar o murici e o batiputá há quatro anos, coloca que todos os momentos são muito importantes, mas que o último dia é a consagração de todos os esforços, momentos de reflexão, discussão e planejamento da próxima colheita, colocando o que foi bom e ruim. É também o momento do ritual sagrado, quando se juntam rezadeiras e curandeiros em homenagem ao fortalecimento da luta. “Aproveitamos para mostrar o valor da nossa cultura tanto para nosso povo como para os visitantes”, finaliza a líder.
O Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador acompanha 10 mulheres na aldeia Buriti pelo Projeto Mulher Rural de Assistência Técnica, com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário via Assessoria Especial de Gênero, Raça e Etnia (AEGRE).
Confira as imagens:
Apanha do Batiputá
Óleo do Batiputá
Ritual de Adoração
Torém





Diário do Nordeste: população indígena no Ceará tem 22 mil índios que ainda lutam por território


Segue matéria no jornal Diário do Nordeste de hoje.


População indígena no Ceará tem 22 mil índios que ainda lutam por território

10h19m | 20.01.2012

A população indígena do Ceará é composta por cerca de 22 mil índios divididos em 14 etnias. Atualmente, a luta deste nativos do Brasil é a regularização do seu território de direito em todo o País. Apesar disso, representantes da Fundação Nacional do  Índio no Ceará (Funai/CE) apontam melhoria na saúde e educação das tribos no Estado.
De acordo com o assistente técnico da Coordenação Regional da Funai e coordenador da Organização dos Professores Indígenas do Ceará, Weibe Tapeba, os índios enfrentam uma “batalha” por suas terras, que são tomadas para construção de grandes empreendimentos. 

"A maior parte dos povos indígenas do nosso Estado ainda não conseguiu efetivar o direito do acesso e posse aos territórios indígenas. São objetos de especulação imobiliária de interesse de grandes empreendimentos, desde complexo hoteleiro a campo de golfe, até empreendimentos do próprio governo brasileiro, através da passagem de linhas de transmissões, gasoduto, ferrovias, rodovias estaduais e federais, então as terras indígenas hoje são muito impactadas por conta desses empreendimentos", relata.
Educação e Saúde
Weibe Tapeba, que é representante da etnia Tapeba, afirma que a educação e saúde da população indígena tem sofrido avanços nos últimos anos. Segundo ele,  42 escolas fazem parte da rede de ensino estadual destinada aos povos indígenas, destas, 12 somente para os tapebas. "Antes as aulas eram ministradas embaixo de árvores, dentro de galpões, hoje conquistamos nosso espaço. São 350 professores indígenas que ministram aulas", diz.
Um das professoras da Escola Indígena Tapeba, Leidiane Tapeba, explica como funciona o processo ensino na instituição. "Nós ensinamos o mesmo conteúdo das escolas convencionais, mas focamos principalmente na cultura do nosso povo. Trabalhamos a disciplina de cultura indígena, medicina e oralidade".
Já em relação à Saúde, os representantes da tribo Tapeba dizem que a medicina convencional ainda é utilizada sob o domínio dos mais velhos da etnia e repassada para os filhos. "Além do uso da medicina tradicional - ervas, raízes, leite, animais - temos acesso ao posto de saúde", relata o assistente técnico da Funai.

Tapebas falam sobre dificuldades enfrentadas pela população indígena
Língua
O representante da Articulação dos Povos Indígenas, Dourado Tapeba, afirma que a língua original das tribos é o tupi-guarani, mas lembra o processo de discriminação sofrido pelos índios desde a época da colonização. "Os índios não foram extintos, nós estamos aqui para contar a história. Fomos vítimas de etnocídio, tivemos a morte da nossa própria língua", desabafa.
Ainda sobre o resgate da língua, Dourado aponta as medidas que estão sendo tomadas para que não haja perda total do tupi-guarani. "A gente está tentando resgatar essa língua através de alguns professores que já tem formação no tupi -guarani. Inclusive tem um professor da paraíba que já está discutindo  isso com os professores da UFC e já é um bom avanço nessa questão da recuperação da nossa língua", conta.
Etnias
Somente no Ceará há 14 etnias, são elas: Tapeba, Tremembé, Pitaguary, Jenipapo - Kanindé, Kanindé, Potiguara, Tabajara, Kalabaça, Kariri, Anacê, Gavião, Tubiba  Tapuia, Tapuba Kariri, de acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai).