quarta-feira, 24 de julho de 2013

Interculturalidade, ecologia e organiização política indígena marcam I Ciclo de Vivências com os Tremembé de Telhas

Foto: Caroline Moreira

Entre os dias 18 e 21 de julho, os Tremembé de várias localidades, pesquisadores, estudantes e professores estiveram participando do I Ciclo de Vivências na aldeia Tremembé de Telhas. Como foi informado na postagem anterior, o evento surgiu como desdobramento do projeto voltado para mulheres indígenas, financiado pela Carteira Indígena.

No entanto, novas demandas postas pela comunidade anfitriã, junto com outras proposições, ampliaram a proposta original do evento, que previa a realização de um encontro de mulheres, um seminário e uma assembléia geral para balanço das atividades do projeto. A comunidade organizadora, com o apoio de técnicos e instituições parceiras, deliberou pela realização de um evento que pudesse ao mesmo tempo: realizar as atividades do projeto citado; possibilitar um espaço para vivências entre o povo Tremembé de várias aldeias, não-índios interessados em conhecer a realidade indígena local e também dar visibilidade às comunidades Tremembé.

O evento foi realizado através da parceria entre os conselhos indígenas de Telhas e Queimadas, que mobilizaram as respectivas aldeias para participar da programação do evento. Além disso, tivemos a presença de representantes das comunidades Tremembé do Capim Açu, São José, Almofala e Varjota. Destaque para a participação do Cacique João Venâncio e do Pajé Luis Caboclo, presentes durante todo o evento.

Além das atividades programadas no projeto, foram incluídas oficinas ecológicas de bioconstrução (reboco e pintura natural), no intuito de que tanto os indígenas quanto  os demais participantes pudessem reconhecer o valor e a riqueza dos materiais disponíveis na própria terra indígena, de modo a valorizar os conhecimentos locais no que se refere às construções tradicionais, como também minimizar os custos com a construção das casas e outros prédios. Além disso, outros componentes relacionados ao design das habitações foram trabalhados com os participantes.


Abertura com o Seminário de Inclusão Produtiva (18/07)


























Torém, 18/07/2013
Foto: Ronaldo Santiago
 
Momento teórico da oficina de bioconstrução, 19/07/2013
Foto: Iago Barreto
Preparando a massa do reboco com o barro
Foto: Iago Barreto
Botando a mão na massa, literalmente
Foto: Iago Barreto
Dona Maria rebocando
Foto: Iago Barreto

Homens e mulheres participando do trabalho
Foto: Iago Barreto
Com relação á pintura, os Tremembé puderam ensinar a produção de tintas naturais cuja base são folhas, sementes e cascas de árvores existentes no próprio local. Ao mesmo tempo, tiveram a oportunidade de aprender outras técnicas de produção de tintas e de pintura em diversos ambientes. Além disso, os Tremembé foram estimulados a produzir grafismos levando em consideração os elementos naturais, culturais e cosmológicos de suas próprias localidades.
Essa atividade foi importante, sobretudo, porque envolveu jovens, homens e mulheres que participaram efetivamente da parte teórica e prática, proporcionando momentos de muita interação, bom humor e aprendizado. O objetivo principal das oficinas é o de reformar a Tapera do Artesanato, espaço instituído pela comunidade local para a produção do artesanato, geralmente realizada de forma coletiva. Além disso, o local abrigará também a sede do Conselho Tremembé de Telhas. Como não foi possível concluir a reforma da Tapera, os participantes exercitaram as técnicas de pintura mural na escola da aldeia.

Momento de construção de símbolos e grafismo indígena com o instrutor André
Foto: Iago Barreto
Foto: Iago Barreto

Preparando tintas naturais
Foto: Iago Barreto

Foto: Iago Barreto
Foto: Iago Barreto

Juventude indígena exercitando a pintura
Foto: Iago Barreto

Arte coletiva
Foto: Iago Barreto
A programação contemplou espaços de articulação dos Tremembé, de discussão sobre a política indígena e indigenista e sobre os resultados dos projetos desenvolvidos ao longo dos últimos quatro anos nas aldeias de Telhas e Queimadas. No Encontro de Mulheres, os convidados discorreram sobre os espaços que as mulheres indígenas estão conquistando ao ocuparem funções nas associações e conselhos indígenas, como também nas atividades produtivas, desempenhando papel de destaque na renda familiar. Ceiça Pitaguary, palestrante da noite, enfatizou que a luta das mulheres indígenas já é bem antiga, mas que nos últimos anos tem conquistado mais espaço. Exemplo disso foi o edital da Carteira Indígena direcionado especificamente para as mulheres, no qual Telhas e Queimadas tiveram seus projetos aprovados.
Além das rodas de conversa e das discussões temáticas, um dos momentos mais esperados era o do torém, brincadeira de todas as noites e que mobilizou os Tremembé de várias aldeias e demais participantes do evento. Seu Miguel Arcanjo, morador da aldeia São José disse que brincaria até o amanhecer se o torém continuasse. A alegria dos Tremembé contagiou todos os presentes.

Cacique João Venâncio iniciando com uma oração, 18/07/2013
Foto: Caroline Moreira

Encontro de Mulheres Tremembé, 19/07/2013
Foto: Iago Barreto
Comunidade indígena reunida
Foto: Iago Barreto
 

Ceiça Pitaguary (APOINME), palestrante da noite, 19/07/2013
Foto: Iago Barreto
Pajé Luis Caboclo palestrando, 19/07/2013
Foto: Iago Barreto
Cacique João Venâncio falando sobre a política indigenista, 20/07/2013
Foto: Iago Barreto
João Venâncio e Isabel, Coordenadora do CITCT
Foto: Iago Barreto
Torém, 20/07/2013
Foto: Iago Barreto
Torém, 20/07/2013
Foto: Iago Barreto

Torém, 20/07/2013
Foto: Iago Barreto
O sucesso do I Ciclo de Vivências com os Tremembé foi uma das pautas da assembleia geral realizada no domingo pela manhã. O cacique João Venâncio propôs que o evento fosse realizado todos os anos, e de forma itinerante, de modo que todas as aldeias Tremembé tenham a oportunidade de sediar o evento.
Além disso, as lideranças da comunidade anfitriã formularam uma carta de reivindicações, a ser anexada ao documento da Assembleia do Povo Tremembé que acontecerá entre os dias 29 e 31 de julho. Entre as reivindicações, os Tremembé solicitam ao MMA e a FUNAI a continuidade e o fortalecimento da Carteira Indígena, programa governamental de fundamental importância para os povos indígenas. Água potável, unidade de saúde e construção de uma escola são pautas antigas da comunidade de Telhas, mais uma vez reivindicada.
O resultado desses dias na presença dos Tremembé, conhecendo e vivendo um pouco de seu cotidiano, é a constatação da “biodiversidade do povo Tremembé” (fala do cacique João Venâncio) que o torna fascinante, tanto para quem já conhece um pouco da história desse povo, mas que a cada dia aprende e se encanta um pouco mais com essa gente, como também para aqueles que tem o privilégio de ter os primeiros contatos. São experiências como estas que nos fazem estar ao lado dos povos indígenas em suas lutas e pleitos.
Abaixo seguem os depoimentos de alguns participantes sobre as impressões e experiências sobre o Ciclo de Vivências Tremembé.


O ambiente da comunidade de Telhas tornou-se familiar a mim em menos de 24 horas. E em mim ficou também um sentimento de pertença bastante familiar em comunidades indígenas. Eu ralei jenipapo num ralador enorme e (muito) amolado. Não foram poucas as vezes que os dedos esbarraram nas pequenas lâminas... Mas pela primeira vez senti orgulho das cicatrizes e das manchas escuras que ganhei nas mãos. De fato, são marcas que demoram para sair; e que bom, porque são lembranças vivas de uma experiência que está causando em mim transformações irreversíveis... E inevitáveis. Por isso compreendi o que Filipe, oficineiro de reboco natural, disse no encerramento acerca das marcas nas mãos enquanto lembrança porque senti algo que acredito ser bem semelhante.
A energia emanada durante uma roda de torém não pode ser explicada em sua totalidade a quem não a vivenciou. É mais do que o ápice do sentimento de pertença. É uma sensação (ou emoção...) de força imensurável que nos remete à presença de uma memória ancestral sendo compartilhada. Os índios cantadores e tocadores no centro da roda fazendo música ao som de maracás e instrumentos de percussão e nós todos dançando em círculo, girando no sentido anti-horário com passos curtos, no meio da noite, à meia luz... 
E em meio a oficinas, grandes e pequenas rodas de conversa, risos, torém... O que foi melhor? Não é possível dizer porque tudo foi incrível. De volta a Fortaleza, fui dormir feliz; ainda junto à minha constante inquietude, pela qual hoje em muitos momentos sou grata. Mas agora se uniu a ela uma sensação gostosa de ter encontrado e construído vínculos com gente de verdade, de coragem e amor pelo que faz.
Aline Rebouças, estudante de Psicologia / UNIFOR e membro do MUVIC


Devo dizer que o I Ciclo de Vivências na Aldeia Tremembé de Telhas, a meu ver, foi uma experiência exitosa, tanto do ponto de vista organizacional, quanto da participação das pessoas. Os responsáveis pela ideia e pela organização instigaram à participação, articulando as rodas de conversa e incentivando jovens indígenas a participarem das oficinas de pintura e de permacultura, o que enriqueceu sobremaneira esse evento.
A participação da comunidade e de outras vizinhas também foi bastante positiva, fomentando o desejo de realização de evento similar nessas comunidades. Frutos com certeza virão e serão generosos, trazendo benefícios sociais, políticos e econômicos para as comunidades envolvidas.
Antonio Neto, Coordenador da CTL-FUNAI/Itarema


O Ciclo de Vivências foi, além de uma etapa cumprida do projeto, um acontecimento que fará parte do nosso dia-a-dia. E o mais importante foi o resgate de conhecimentos tradicionais que até o momento não tínhamos noção de fazê-lo acontecer, sem contar com o principal: tudo material natural, disponível na nossa aldeia.
Rosiane Tremembé, secretária do CITCT


Tive a minha segunda experiência em terras Tremembé. Dessa vez, na aldeia de Telhas, em Acaraú, para o I Ciclo de vivências (dessa Aldeia e também de Queimadas). A programação do evento encaixou-se em harmonia nos dias que se desenrolaram e tinha ênfase na organização das mulheres para a confecção do artesanato em biojóias e também nas formas das comunidades se relacionarem com o meio ambiente para garantirem a produção e reprodução de suas vidas. Demonstrando que proteção do meio ambiente não significa deixa-lo intacto, mas relembrar que também somos parte dele e podemos nos relacionar em simbiose com o mesmo. E essa relação, que é de transformação de ambos, é o que chamamos cultura, mas não qualquer cultura, não a cultura da opressão e do lucro, os Tremembé resistem, recriam, produzem e influenciam fazendo cultura. Esse foi o maior acúmulo do I Ciclo.
Depois da constatação dos retrocessos que o atual governo vem desenvolvendo para as políticas indígenas, era preciso renovar as esperanças e reaquecer a luta, e dançamos com alegria e força o último torém do Encontro. E para deixar ainda mais claro o que o I Ciclo representou, vale citar um índio mexicano e lutador: “que no caminhar dessa construção não deixemos de dançar, cantar e sorrir, que nos mantenhamos felizes apesar dos erros, problemas e desafios, das distâncias que separam geografias e calendários. Pois a construção desse novo mundo florescerá dos corações que hoje batem em rebeldia coletiva e que colocaram a girar a roda da história em seu longo caminho para, finalmente, adentrar na historia da humanidade”.
Repetindo alguma fala da avaliação do evento, torço para que os laços entre nós da cidade e os Tremembé se estreitem e possam contribuir com eles à altura do que eles contribuem para nós, nos ensinando a ser gente, nos fazendo relembrar a tradição que o colonizador quis apagar com sangue índio e negro derramado, mas para sua ira, persiste, resiste e se expande. Viva o povo Tremembé!

Leonísia Moura Fernandes, estudante de Direito / UNIFOR e membro do Muvic



A fotografia trabalha essencialmente com luz, usa para compor imagem e recortar detalhes. Fotografando os Tremembé, percebo que eles emanam luz própria, e que possuem a força simples que falta a cada vez mais complexa civilização. Em meio às dificuldades, o povo Tremembé se ergue e demonstra no torém e na vivência a sua razão de estar ali, puramente o viver, essa é a força simples.
A luz própria já é mais difícil aos olhos externos, ao dançar o torém me foi pedido que tirasse as sandálias para sentir a terra, um pequeno exemplo simples, da natureza luminosa dessas pessoas, que contada em exemplos não pode ser extraída para a lógica, não se pode entender plenamente o porquê dessa luz, somente no contato com a terra ou na vivência espiritual de alguns, mas é possível com bons olhos ver a luz que transborda aos olhos quando se convive com esses fantásticos indígenas.

Iago Barreto, estudante de Audiovisual e Novas Mídias / UNIFOR, membro do Muvic


Pessoal, agradeço os bons exemplos que se tornaram eternos nestes dias que passamos juntos.
A vida é feita de gente como vocês. Eficientes porque sabem fazer. Eficazes porque sabem como fazer e efetivas porque tem a durabilidade necessária para ser bem feita.
Continuo com a mesma felicidade do primeiro encontro e com a certeza que nunca mais vou ser guloso para não preocupar vocês. Abraço com gratidão!
Everthon Damasceno, produtor cultural



Agradecimentos:

  • Equipe de trabalho e organização do evento (cozinheiras, equipe de limpeza, pedreiros, serventes, voluntários, lideranças locais, comissão organizadora);
  • Conselho dos Índios Tremembé do Córrego das Telhas - CITCT;
  • Cacique João Venâncio;
  • Pajé Luis Caboclo;
  • Ceiça Pitaguary - APOINME;
  • Elaine Nascimento - CITQ;
  • Marcondes Marciano - CITQ;
  • Luis Gustavo - Carteira Indígena;
  • GATI;
  • Clóvis André;
  • Filipe Andrade;
  • Vereador Nacélio Cruz (Pres. Câmara dos Vereadores Acaraú);
  • Antonio Neto - CTL/FUNAI - Itarema;
  • Muvic;
  • Everthon Damasceno;
  • Iago Barreto;
  • Caroline Moreira;



Viva o Povo Tremembé!

sábado, 6 de julho de 2013

I Ciclo de Vivências na Aldeia Tremembé de Telhas



No âmbito das atividades do projeto “Artesanato, Cozinha Comunitária e Organização das Mulheres como perspectivas para o Etnodesenvolvimento da comunidade Tremembé do Córrego das Telhas, Acaraú/CE”, o Conselho dos Índios Tremembé do Córrego das Telhas e seus parceiros promovem, entre os dias 18 e 21/07/2013, o I Ciclo de Vivências da Aldeia Tremembé de Telhas.
Para além das atividades relacionadas ao projeto, ampliamos a programação com oficinas ecológicas e rodas de conversa e debates no intuito de possibilitar vivências e trocas de experiências no que se referem aos saberes, histórias e memórias dos Tremembé, como também promover o diálogo intercultural entre indígenas, pesquisadores e participantes do evento.

O Encontro das Mulheres Tremembé de Acaraú e o Seminário sobre Inclusão Produtiva consistem em espaços de discussão e troca de experiências no que tange aos avanços conquistados e os desafios que se avistam ao maior protagonismo social, político e econômico das mulheres indígenas Tremembé e abordará as experiências com os projetos da Carteira Indígena e do PAA, como também discutirá temas como a ampliação dos espaços de participação política e a inserção produtiva das mulheres indígenas.
As Oficinas Ecológicas (abertas a participantes não-indígenas) surgiram como demandas das mulheres e como desdobramento do curso de artesanato ministrado pelo SEBRAE recentemente, na qual as mulheres deliberaram pela recuperação de uma antiga casa, que está sendo reformada em forma de mutirão pela própria comunidade e que dará lugar a Tapera do Artesanato. Nesse contexto, as oficinas visam promover uma experiência prática fundindo os conhecimentos tradicionais no uso da argila para construções e acabamento de paredes, na produção de tintas naturais e grafismo indígena com a utilização de técnicas permaculturais, aproveitando os materiais existentes no local.
A Roda de Conversa será um momento de discussões e debates sobre a conjuntura indígena e indigenista atual levando em consideração as manifestações que ocorrem no país e as perspectivas dos Tremembé sobre os rumos da política indigenista oficial. As rodas de conversa contarão com a participação da comunidade local, das lideranças indígenas, participantes das oficinas, técnicos e pesquisadores.

A programação noturna se encerra com grandes rodas de Torém, brincadeira dos índios e elemento marcante da cultura Tremembé.

PROGRAMAÇÃO

Quinta-feira – 18/07/2013

16:00h: Acolhida dos participantes

18:00h: Jantar

19:00h: I Seminário sobre Inclusão Produtiva de Mulheres Indígenas
Palestrantes: lideranças femininas das aldeias Telhas e Queimadas


Sexta-feira – 19/07/2013

07:00h: Café da manhã

08:00h: Oficina de reboco e acabamento
Facilitador: Felipe Lima

12:00h: Almoço

14:00h: Oficina de reboco e acabamento (parte 2)

18:00h: Seminário das Mulheres Tremembé
Palestrante: Ceiça Pitaguary (DMI/APOINME), Lucilene Martins (Presidente CONDISI)

21:00h: Roda de Torém


Sábado – 20/07/2013

07:00h: Café da manhã

08:00h: Oficina de Pintura Mural e Grafismo Indígena
Facilitador: Clóvis André

12:00h: Almoço

14:00h: Oficina de Pintura Mural e Grafismo Indígena (parte 2)

18:00h: Jantar

19:30h: Roda de Conversa: Cenário indígena e indigenista atual na ótica dos Tremembé
Convidados: Cacique João Venâncio, Pajé Luís Caboclo e lideranças Tremembé das comunidades São José, Capim Açu, Cajazeiras e Queimadas.

21:00h: Roda de Torém


Domingo – 21/07/2013

07:00h: Café da manhã

08:00h: Encerramento da oficina e encaminhamentos finais

12:00h: Almoço e partida



ATENÇÃO: Por questões operacionais, as vagas são limitadas! Garanta logo sua inscrição. 
Mais informações entre em contato conosco.

Informações e inscrições:
tiago.permaculturace@gmail.com  (88) 9988-2428 / 9214-6232


ronaldosl.sobral@gmail.com  (88) 8885-1753 / (84) 9960-4188

Realização: Conselho dos Índios Tremembé do Córrego das Telhas – CITCT e Instituto NEMA
Apoiadores: e parceiros: CIT.Queimadas, Carteira Indígena/MMA, GATI, FUNAI (CTL Itarema), APOINME, SEBRAE