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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Diário do Nordeste: Regularização de terras indígenas avança no Ceará

Diário do Nordeste, 24/02/2012

Regularização de terras indígenas avança no Estado

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Povos indígenas estão distribuídos em diferentes áreas do interior do Estado
FOTOS: MELQUÍADES JÚNIOR
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Índios Jenipapo-Kanindé aguardam sanção da Presidência da República para terem direito à terra em Aquiraz
 
O ano de 2012 promete ser pródigo na definição de áreas indígenas, especialmente para três agrupamentos
Aquiraz O "pessoal da Encantada" está prestes a ter um direito já legitimado em conquista definitiva. Está se encerrando o prazo de contestação da delimitação de terras indígenas em Aquiraz, em impasse com grupos empresariais. Após vários estudos, 20 anos de demandas judiciais e uma determinação do Ministério da Justiça, pode acontecer, nas próximas semanas, a assinatura da presidente Dilma Roussef dando o devido direito aos índios Jenipapo-Kanindé.

Neste mês, foram publicados os relatórios de identificação e delimitação nas terras dos índios Tremembé de Queimadas, em Acaraú, e de Barra do Mundaú, em Itapipoca. Das várias etnias indígenas reconhecidas no Ceará, apenas os Tremembé do Córrego João Pereira, em Acaraú, tiveram as terras homologadas até hoje. Mas 2012 pode ser o ano da reconquista indígena.

Os trâmites que haviam de ser já foram. O ultimo deles é o fim do prazo de 90 dias para o grupo Ypióca recorrer da decisão do Ministério da Justiça sobre a delimitação das terras indígenas em Aquiraz. Os índios venceram em todas as instâncias e estão a um passo de selarem a conquista, quando a presidente Dilma Roussef sancionar a homologação de terras.

A Portaria nº 184 do Ministério da Justiça no Diário Oficial da União (DOU), de 24 de fevereiro de 2011, declarou o que esperavam os índios desde sempre, mais insistentemente a partir de 1980: "de posse permanente do grupo indígena Jenipapo-Kanindé a Terra Indígena ´Lagoa Encantada´ com superfície aproximada de 1.731 hectares e perímetro também aproximado de 20 quilômetros". E mais: "julgando improcedentes as contestações opostas à identificação e delimitação da terra indígena".

Os índios, como outras etnias, passam por quatro principais processos até terem as suas terras garantidas de forma incontestável: a identificação (com auxílio de perícia antropológica se identifica um povo como pertencente à etnia), demarcação e delimitação das terras (caso de Aquiraz), homologação pela Presidência da República e posterior desintrusão. Esta última etapa significa a retirada de agentes ou grupos que tentam se apropriar das terras. No caso de Aquiraz, a empresa Ypióca terá de sair de áreas que estejam dentro do perímetro pertencente aos Jenipapo-Kanindé. Isso inclui a proibição da retirada, pela empresa, de água da Lagoa Encantada.

Tem sido com muita dificuldade o processo de reconhecimento e afirmação das identidades indígenas. Mas, aos poucos, elas têm vencido os processos até a legitimação definitiva. É uma fila de quase 20 etnias espalhadas no Ceará que tem na primeira posição os índios tremembé do Córrego João Pereira, em Itapipoca. Depois, seguem os Jenipapo-Kanindé, em Aquiraz. Em um patamar imediatamente inferior, mas já em processo de consolidação, estão os casos dos Tremembé de Queimadas (Acaraú) e da Barra do Mundaú, em Itapipoca. Neste último, o grande imbróglio judicial envolve a instalação de um grande empreendimento hoteleiro do grupo Nova Atlântida, que se estenderia em aproximadamente 13 quilômetros de litoral em Itapipoca.

Direito natural
A estratégia dos posseiros e grupos empresariais que brigam na Justiça pelas terras indígenas resume-se basicamente em não reconhecer determinados povos como índios. Se não forem índios, não têm direito natural da terra. Mas os estudos antropológicos tem sido tão fundamentados que as cartas judiciais já respondem em favor dos índios. É o caso do despacho 678, publicado no Diário Oficial da União, que traz a fundamentação histórica em que se conceberam aqueles povos indígenas:

"As primeiras referências aos Tremembé datam do século XVI. Os jesuítas começaram a estabelecer aldeamentos em território cearense no século XVII, paralelamente ao processo de concessão de sesmarias na zona costeira. O projeto colonial português promovia uma política que categorizava os povos indígenas em dois polos, os aliados e os inimigos, derivando disso as justificativas para o emprego da força física(...) Subjugados, os povos indígenas criaram, em 1712, a Confederação Indígena, a fim de negociar a paz com o colonizador. Porém, no ano seguinte, diante da negativa dos portugueses em cumprir os acordos, os ´Tapuia´ atacaram Aquiraz, sede econômica da capitania, fato que motivou o envio de outras expedições militares para a região, as quais desbarataram a resistência indígena".

FIQUE POR DENTRO
Concentrações indígenas no Estado
A Coordenação dos Povos Indígenas do Ceará (Copice) tem registradas 11 concentrações de etnias indígenas no Estado: Tapeba (Caucaia), Tremembé (Acaraú, Itarema e Itapipoca), Pitaguary (Maracanaú e Pacatuba), Jenipapo-Kanindé (Aquiraz), Kanindé (Canindé e Aratuba), Potiguara (Tamboril, Crateús, Monsenhor Tabosa e Novo Oriente), Tabajara (Monsenhor Tabosa, Crateús, Tamboril, Poranga e Quiteranópolis), Kalabaça (Crateús e Poranga), Kariri (Crateús), Anacé (São Gonçalo do Amarante e Caucaia), Gavião (Monsenhor Tabosa) e Tubiba-Tapuia (Monsenhor Tabosa). O número pode subir com processos de auto-reconhecimentos.

MELQUÍADES JÚNIOR
REPÓRTER

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Aldeia Tremembé São José e Buriti realiza IV Festa do Murici e do Batiputá

Publicado originalmente em: www.cetra.org.br


A IV Festa do Murici e do Batiputá, da Aldéia Tremembé de São José e Buriti em Itapipoca, ocorreu no período de 10 a 14 de Janeiro, com a presença de lideranças e entidades afins, como CETRA e Missão Tremembé, professores, curandeiros, rezadeiras e parteiras da região e visitantes.
Os dias 10, 11 e 12 foram reservados para a coleta e a seleção do murici e do batiputá e o dia 13 para preparação do óleo do batiputá. Somente no dia 14 foram inciados os festejos propriamente ditos, com toda uma programação voltada para a cultura indígena, costumes, crenças e rituais, como a dança do Torém e o ritual de cura, voltando os olhares sempre para os avanços e dificuldades da luta indígena.
Herbene, liderança Tremembé e beneficiária do Projeto Mulher Rural, colocou que a participação da mulher ocorre de forma efetiva desde a apanha do murici e do batiputá na mata, passando pela seleção dos frutos, pela preparação dos alimentos e pela organização do evento. “A mulher tem sido a fonte inspiradora da família para a continuidade dos costumes, motiva os filhos e marido a levantar as 5 da manha já com o café prontinho para seguir para a mata”, explica.
Adriana, liderança do Povo Tremembé e mentora da idéia de festejar o murici e o batiputá há quatro anos, coloca que todos os momentos são muito importantes, mas que o último dia é a consagração de todos os esforços, momentos de reflexão, discussão e planejamento da próxima colheita, colocando o que foi bom e ruim. É também o momento do ritual sagrado, quando se juntam rezadeiras e curandeiros em homenagem ao fortalecimento da luta. “Aproveitamos para mostrar o valor da nossa cultura tanto para nosso povo como para os visitantes”, finaliza a líder.
O Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador acompanha 10 mulheres na aldeia Buriti pelo Projeto Mulher Rural de Assistência Técnica, com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário via Assessoria Especial de Gênero, Raça e Etnia (AEGRE).
Confira as imagens:
Apanha do Batiputá
Óleo do Batiputá
Ritual de Adoração
Torém