quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Oficina de Agroecologia e Permacultura em Terra Indígena, Tremembé


Este final de semana, entre o dia 15 e 18, iniciamos uma oficina de Introdução à Agroecologia na aldeia indígena Tremembé de Queimadas, Acaraú-CE. Essa atividade faz parte do item 4 previsto pelo Projeto de Mulheres que foi aprovado pelo Carteira Indígena (CI)/MMA no valor de R$ 49.600,00. O objetivo do projeto é fortalecer a Organização das Mulheres Indígenas através de reuniões, encontros e formações, do Conselho Indígena por meio da estruturação, compra de equipamentos e formação em Gestão de Grupo, a promoção do Manejo Ecológico  dos sistemas de produção e conservação dos recursos naturais, via produção de mudas de essências florestais e frutíferas, implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) e capacitação em Agroecologia, e ainda o fortalecimento da Cozinha Comunitária  a partir da compra de equipamentos e acesso à Mercados de Compra Institucional, como PAA e PNAE.
Reunião com a comunidade de Queimadas.
Como foi falado no início do texto, a atividade realizada recentemente foi uma Oficina de Agroecologia com carga horária de 36 horas. Essa atividade tem como objetivo capacitar indígenas que estão iniciando a implantação de seus quintais, através de técnicas de manejo ecológico do solo e ampliar alguns conceitos sobre permacultura em Terras Indígenas. Porém, por conta de alguns probleminhas que surgiram no início do Projeto (que ficou parado mais de 3 meses) tivemos que centrar um pouco mais de energia em diálogos organizacionais, a fim solucionar ou mitigar futuros problemas de organização e gestão do projeto.
Assim, a formação foi estrutura em 3 momentos (organização para produção de mudas, distribuição e mutirão de plantio, manejo e tratos culturais do sistema de produção).
  • Organização e produção de mudas – O projeto tem recursos para aquisição de 10 mil mudas diversificadas. Como a comunidade já tem um Viveiro de Mudas ativo e existem pessoas capacitadas para a produção, nada mais justo que a comunidade produza essas mudas e o recurso circule dentro da aldeia, trabalhando assim o princípio da Economia Solidária. Diante disso, foi feita reunião com os possíveis produtores (no total de 10) e explicado como deveria ser feita a produção, em quantidade e diversidade (cerca de 20 espécies de plantas frutíferas e nativas, sendo uma quantidade de 1 mil mudas, cada produtor). Assim, aproveitamos a formação para fazer um diagnóstico da situação das mudas tendo como perguntas geradoras: Quem produziu o quê? Quantas? Qual o estado de desenvolvimento das mudas? Quem da comunidade vai querer o quê e quantas? Diante dessas perguntas tivemos como resposta, que foram produzidas nessa primeira etapa cerca de 6 mil mudas e 28 famílias que irão plantar um total de 3 mil mudas. Um número ainda reduzido, pois muitas ainda estão iniciando seus quintais e não têm experiência com o plantio e cuidado de mudas. 
Levantamento e seleção das mudas que serão distribuídas para a comunidade (Quintal de Dona Socorro). 
Produção de Mudas dentro do Sistema Agroflorestal em Transição (Polonga).
Mudas de cajueiro em estado avançado de desenvolvimento, pronto para ser transplantado (Sr. Chiquinho).
Viveiro de Mudas da Comunidade de Queimadas com capacidade de produção de mais 10 mil mudas
(Responsáveis: Evaldo, Luciano, Paulo e Oliveira).
Mudas de Angico (nativa).
Mudas de Emburana de Cheiro ou Cumaru (nativa).
  • A distribuição será feita nessa semana e haverá no final de semana dos dias 23 a 25 de fevereiro de 2013 um mutirão para plantio coletivo de todas as áreas a fim de garantir que todas as mudas estarão na “terra” até o início de fevereiro. Com o restante das mudas (3 mil) ficou como um acordo que estas serão doadas, juntamente com a presença da CTL de Itarema, sob a coordenação de Antonio Neto, para as comunidades de Telhas, Capim Açu, São José e Cajazeiras, da Terra Indígena Córrego João Pereira. Essa foi uma demanda construída a partir da visita que fizemos em outubro de 2012 a TI do Córrego com a presença do grupo consultor do GATI, Gestão Ambiental em Terras Indígenas, que contou com a presença de Isabel e Alexandre Pankaruru. E que será feito contato com indígenas do Córrego para irem participar da formação nesse período e aproveitar para se envolver no mutirão.
  • Os tratos culturais serão feitos no momento do mutirão onde serão dividias equipes e em cada uma delas terá uma pessoa indígena multiplicador, experiente na área de manejo ecológico, para informar aos demais como será feito o manejo. Aproveitaremos para fazer práticas de compostagem, produção de repelentes e biofertilizantes.

Ainda na visita aproveitamos para visitar a experiência de alguns quintais que vem dando certo desde 2009 e que estão bem desenvolvidos e não entra 1 g de agroquímico. Abaixo segue as fotos do quintal do Mairton, da Mandala.  
Plantio consorciado de pimenta de cheiro, macaxeira, feijão de corda, milho, araticum, pimentão e mamoeiro.
Hortas rotacionadas com plantio folhosas (cebolinha), depois será plantada tuberosas e em seguida frutos.
Mandala com produção de galinha na parte coberta, tilápia (alimentadas 30% com ração e o restante folhas
de macaxeira, batata doce e feijão) e fertirrigação para a hortas.
Em breve mais postagens sobre a conclusão da oficina e da entrega de mudas para o Córrego João Pereira.

2 comentários:

  1. Que interessante pessoal! Gostei muito da iniciativa de divulgar as atividades

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  2. Esse também é um sonho nosso em MS, mas enquanto não tivermos pessoas que compreendam que os kaiowá não assimilam tão rápido e que não da cultura deles plantar a mata iremos acreditando que em algum lugar isso já passou do mundo dos sonhos para a vida real. Parabéns voces merecem o mundo precisa de iniciativas como estas que vivemos.
    chero axé a todos e viva um novo Brasilllllllllllllllllll....

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